#Crônica: Xô, preconceito! Um desabafo de quem sente isso na pele

abril 05, 2013



O bom desse fervor todo em relação ao (in)Feliciano, a PEC das Domésticas e a cantora Daniela Mercury ter assumido o seu relacionamento com outra mulher (coisa que foi amplamente noticiada no carnaval, mas que as pessoas acharam que era boato na época) é que a gente consegue pescar, nos detalhes, o preconceito enraizado, os discursos homofóbicos e que o racismo ainda existe de uma maneira cruel e velada. 

Vez ou outra, me assusto de ver colegas jornalistas, blogueiros, comunicadores, formadores de opinião, gente estudada, com posts tão preconceituosos...isso é tão triste! Colegas que  acham que tirar sarro de negros, gays, nordestinos, mulheres, evangélicos, deficientes, etc., é a coisa mais engraçada do mundo. 

Dei block em um monte de gente, outras parei de assinar o conteúdo. Infelizmente, tem pessoas que surfam na onda, que não refletem sobre o que curte ou compartilha nas redes sociais. Chega uma hora que cansa, que parece que a gente está lutando contra o vento. Não se trata de ser politicamente correto. É questão de bom senso. Respeito é bom e todo mundo gosta.

Ontem, por exemplo, aconteceu algo comigo que me incomodou. Pensei em não escrever sobre o assunto, mas acho que vale a pena sim compartilhar para as pessoas verem o quanto o preconceito ainda é latente em BH, no Brasil, no mundo. 

Ao ir do meu bairro para o centro, dentro do ônibus, uma adolescente entrou com a mãe. Havia só dois lugares, um na frente do meu banco e a outra vaga no meu lado. A garota que deveria ter uns 13 anos disse em alto e bom tom: "mãe, não vou sentar perto desse cara negro". 

Eu virei e disse: "quem disse que eu quero que você se sente no meu lado? Você cala a sua boca que racismo é crime". A mãe tentou colocar panos quentes, mas eu me exaltei e disse poucas e boas. A menina ficou de pé até o centro com a cara emburrada, como seu eu fosse o errado da história. Nem que se ela quisesse, eu ia deixar que ela se sentasse do meu lado depois disso tudo. Fiquei nervoso. 

Mas o que mais me deixou com raiva foi o fato é que essa menina, assim como outros jovens, receberam essa educação racista, preconceituosa. Como mudar isso? São séculos de enfrentamento contra esse tipo de preconceito, de crime, de ofensa gratuita, e ver que esse tipo de atitude ainda existe me dá nojo! 

Sou uma pessoa super calma, do bem, mas detesto injustiça. Não tenho sangue de barata. Enquanto houver gente achando que ser de outra cor é ser inferior, que meninos gostarem de meninos e meninas gostarem de meninas é errado, que quem não segue determinada orientação religiosa é amaldiçoado, a gente vai continuar passando por esse tipo de intolerância, de preconceito. 

Chega! Gente, o mundo é diverso, plural. Tudo bem ser diferente! Vamos amar e ser feliz que isso é o mais importante. Ainda bem que somos iguais nas nossas diferenças. Como diria a Regina Casé: Xô, preconceito!





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Jornalista

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8 comentários

  1. Wander, acho muito bacana você usar o seu blog para falar desse problema que ainda existe no Brasil, mas as pessoas insistem em não enxergar. Se o (in)Feliciano trouxe uma coisa boa foi a possibilidade de debatermos o preconceito e a diversidade. Parabéns pelo texto.

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  2. Parabéns pela verdade do seu texto, Wander. Tento ensinar ao máximo às minhas filhas que a gente não pode discriminar o outro por ser diferente. Beijos

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  3. Impressionante como o fato foi assim tão natural para a menina. É coisa de criação mesmo. Compartilho da sua indignação, amigo. Parabéns pelo texto.

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  4. Fala Wander, tudo bem?

    Hoje tirei o dia para vasculhar pelos blogs, alguns que há tempos não visitava, como esse.

    É o segundo post sobre preconceito que leio hoje. O bom dessas repercussões na mídia, como as que você citou, é que acabam levando à reflexão sobre os preconceitos ainda existentes na sociedade.

    Impressionante é ver cenas como essa do ônibus em pleno século XXI. Faz muito bem em publicar algo sobre isso, pois ainda acontece muito por aí.

    Mas fico feliz quando vejo, por exemplo, uma criança brincando com uma boneca negra. Acho que a educação já começa por aí. Bom é viver numa sociedade em que as pessoas sequer lembrem de cor de pele.

    Abçs!
    Danilo Moreira


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  5. Ai que raiva que eu fiquei dessa menina ao ler esse seu post, querido. Vontade de dar na cara dela e da mãe. É tão ruim ver que o preconceito ainda existe, mas a gente não pode se calar. Boca no trombone mesmo. Beijos

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  6. Tenho pena dessa gente que se julga superior a Deus, estão batendo de frente com o que Ele colocou no mundo. Se Deus fez a diferença, quem somos para criticar ou nos sentir superiores?

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  7. Oi, Wander!
    Você sabe o quanto essa temática mexe comigo. Acho que deixar passar em branco(fazendo já um trocadilho) é inaceitável. Parabenizo você pela atitude corajosa diante do fato. Não podemos, não devemos e sobretudo não temos o direito de nos encolher frente a um outro ser humano que só por ser de cor diferente da nossa se coloque em posição de superioridade.
    Não temos o direito de nos encolher sob pena de repassar tal postura a outros negros.
    Me indigno juntamente com você e aprovo sua reação. A questão está na imagem que foi construída ao longo dos séculos acerca dos negros, sujeito indolente, sem alma e sem capacidade de reagir. Essa mentira precisa ser desconstruída e cabe a nós. Foi a sua vez. Parabéns por hoje.

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  8. Desabafo:

    É muito dificil falar sobre essas coisas, mas é preciso sermos corajosos mesmo! O racismo, homofobia e sexismo, infelizmente existe, só basta uma faisca p/ vir a tona.

    Hoje á tarde, no ponto de ônibus, dois cobradores conversavam, um deles falava que perdera uma garrafa rosa de berber água. Um deles fez uma piada imunda de reprovação. Para tentar se explicar, o cobrador canalha citou Daniela, e disse que "homem com homem, mulher com mulher é coisa pra gente fraca e sem deus"... E um idoso concordou ao lado... Como se isso fosse algo criminoso. Fiquei indignado, mas em tempos como esses, e por alguns outros motivos, permaneci calado... Coitadas das mulheres que casarem com um nojentos desses!

    Brasil, algo precisa ser feito para mudar isso!

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