Pânico na TV cai em suposta pegadinha e ajuda a promover nova marca de cerveja

maio 16, 2011



Qual é a credibilidade do palhaço? Semana passada, o programa Pânico na TV se viu dentro de uma pegadinha de marketing viral feita pela Companhia Brasileira de Bebidas Premium (CBBP) para promover uma nova marca de cerveja, a Proibida, sob às costas da trupe do programa humorístico da RedeTV!. 

A farsa foi levantada pela jornalista e blogueira @rosana, na semana passada, no pots do blog #QueridoLeitor, e devidamente apurada pela repórter da Folha de S. Paulo, Elisangela Roxo, que trouxe o desfecho do case com exclusividade. Mas, será que foi pegadinha mesmo? Tenho as minhas dúvidas....inclusive a repórter da Folha deixa isso no ar. E a Rosana Hermann que também é muita esperta também aponta isso em um post.

No entanto, vamos ao caso: a “pegadinha” disfarçada de promoção para anunciar a marca de cerveja começou há cerca de dez semanas, quando o @programapanico, resolveu fazer uma espécie de reality show com as europeias, Michaela e Dominika, que estrelaram o quadro "As Tchecas do Brazil"

Na reportagem publicada nesse sábado (14/05) na Folha, o apresentador Emílio Surita minimizou a trollagem. “Pode ser que [Michaela e Dominika] tenham nos enganado. A gente não sabia de nada. Usamos as meninas artisticamente”. Abaixo, confira o vídeo da TV Folha em que a repórter Elisangela Roxo desmascara toda a ação de marketing da cervejaria:


Sou jornalista e confesso entender pouco do mundo da publicidade. Mas, não acho ético iniciar uma ação de marketing viral (ou emboscada) atrelada na mentira, enganando o público, a mídia e a produção de um programa de humor (se é que eles foram enganados?). 

Além disso, pelo fato do programa Pânico na TV ter um contrato publicitário de exclusividade com a SKOL, creio que essa ação da CBBP cabe processo e, quem sabe, proibindo a Proibida (creio que era essa a repetição de palavras que a empresa queria...rs) de entrar no mercado por meio do engodo. Como uma forma para minimizar o ocorrido, a produção do Pânico optou por não exibir o episódio final do reality das tchecas, veja aqui.

Para quem não sabe, o viral é uma estratégia na publicidade para repercutir o conteúdo em redes sociais (Twitter, Facebook, blogs, etc) como se não fossem propaganda. Muitas vezes, os virais utilizam do tom humorístico e artesanal. Mas, no caso da CBBP, que além de promoverem as loiras gringas na web (que são londrinas e não da República Tcheca, como mostrado no vídeo acima), utilizaram um programa de TV de forte apelo entre os jovens, sem o consentimento dos seus idealizadores (será?).

Na verdade, as loiras são garotas-propaganda da cerveja Proibida, que será lançada pela CBBP, em junho deste ano. Especialista em fazer pegadinhas com as celebridades, parece que o feitiço virou contra o feiticeiro? Certo? Nem tanto. Do ponto de vista ético, a nova cerveja já chega ao mercado com uma fama nada positiva, se erguendo através da mentira. 

“As conseqüências podem ser até criminais porque a estratégia dessa empresa parece ter sido mais forte do que uma simples emboscada”, disse Denise Fabreti, professora de Ética da Escola Superior de Propaganda e Marketing, em entrevista à Folha de S. Paulo.

De acordo com a reportagem da jornalista Elisangela Roxo, “foi o presidente da CBBP, João Carlos Noronha, e seu diretor de marketing, Lucas Afonso, que escolheram a dupla pessoalmente durante casting realizado em Londres, no Reino Unido. Segundo Noronha, a estratégia montada para o lançamento da cerveja Proibida, feita a partir de uma receita tcheca, não mirava o Pânico, mas foram eles que caíram na história. O bordão libera a tcheca, criado por Sabrina Sato, não poderia vir mais a calhar”.

Respondendo a pergunta do início do post: qual é a credibilidade do palhaço? A credibilidade está no humor que faz a sociedade se questionar sob as suas ações, e não na promoção da falta de ética. 

Afinal, fazer rir e contar mentira são duas coisas completamente diferente, ainda mais quando falamos de publicidade, que é o ramo que movimenta financeiramente a produção de conteúdo na mídia em geral.

Não estou condenando o marketing viral. Não é isso! Acho a idéia super criativa e válida em muitos casos! Mas, nessa história da Proibida, a cervejaria pegou pesado e agiu de má fé (principalmente com o público). 

O único elogio que cabe é para a repórter da Folha de S. Paulo, Elisangela Roxo, e para a Rosana Hermann, do Querido Leitor, no R7, que elucidaram todo o desenrolar da história de maneira ética, transparente e perceberam que a pauta renderia uma boa reportagem investigativa. Parabéns as duas!







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Jornalista

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3 comentários

  1. Wander, para falar a verdade, também tenho as minhas dúvidas sobre as coisas que o Pânico coloca no ar....por mais que a Elisangela e Rosana tenham arrasado nas suas investigações, é difícil de acreditar que a produção do programa não sabia de nada. Só quero ver no que isso vai dar...rs

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  2. Só agora entendi toda essa confusão da Proibida com o Pânico na TV. Ontem eles não mostraram o final do reality com as Tchecas....isso para mim é um indício forte de que eles ficaram revoltados com essa pegadinha da cervejaria, afinal eles correm o risco de ficar sem o da SKOL por conta da trollagem.

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  3. Olha, não se pode ficar em cima do muro assim com marketing viral. Marketing viral é baseado em mentira e enganação: a idéia é fazer espalhar algo de conteúdo amador como se tivesse sido criado/produzido por um 'maluco' qualquer, sendo qua na verdade foi a própria empresa que o fez. Isso pra mim é mentira.

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